Os EUA confirmaram a suspensão do envio de um carregamento de armas para Israel para que não fossem utilizadas em Rafah. O Presidente Joe Biden disse que Israel não terá apoio de Washington se invadir a cidade no Sul da Faixa de Gaza.
As notícias que davam conta da suspensão do fornecimento de armas norte-americanas a Israel foram confirmadas na quarta-feira pelo secretário da Defesa, Lloyd Austin, durante uma audiência numa comissão do Congresso. No testemunho, o chefe do Pentágono disse que ficou por enviar “um carregamento de munições de calibre elevado”.
“Fomos muito claros (…) desde o início que Israel não deve lançar uma ofensiva em larga escala contra Rafah sem ter em consideração e sem proteger os civis que se encontram no campo de batalha”, afirmou Austin.
O Pentágono ainda não decidiu o que irá acontecer ao carregamento de munições que se encontra em suspenso, mas Austin reiterou o compromisso de Washington em “continuar a apoiar Israel no seu direito de se defender”.
Nos últimos dias, várias notícias davam conta da suspensão do fornecimento de armamento para Israel pelos EUA por causa da ofensiva que as forças israelitas planeiam para Rafah. Esta cidade, no Sul da Faixa de Gaza, tem sido o destino de mais de 1,5 milhões de deslocados internos que foram forçados a fugir das suas casas nos últimos meses, perante as vagas de ataques israelitas ao resto do território palestiniano.
Biden disse igualmente que Washington não irá fornecer armamento a Israel se houver uma ofensiva terrestre contra Rafah. “Se entrarem em Rafah, não lhes vou fornecer as armas que foram usadas historicamente contra Rafah, contra cidades”, disse o Presidente norte-americano numa entrevista à CNN.
Biden foi também muito crítico dos planos israelitas de atacarem a cidade no Sul da Faixa de Gaza. “Eles não terão o nosso apoio se, de facto, entrarem nestes centros populacionais”, afirmou, esclarecendo, no entanto, que as acções das Forças de Defesa Israelitas (IDF) na fronteira “foram correctas”. Questionado sobre se Israel já cruzou alguma das linhas vermelhas fixadas por Washington, Biden disse que “ainda não”.
A Casa Branca tem estado sob enorme pressão por parte de alguns sectores do Partido Democrático, bem como de uma fatia da sociedade norte-americana, que exigem o fim do apoio norte-americano a Israel, que acusam de cometer actos de genocídio contra a população civil de Gaza.
As declarações de Biden foram muito criticadas pelo embaixador israelita nas Nações Unidas, Gilad Erdan, que disse estar “muito desapontado”. Biden “não pode dizer que é um nosso parceiro no objectivo de destruir o Hamas, enquanto, por outro lado, atrasa os meios para destruir o Hamas”, afirmou o diplomata numa entrevista radiofónica.
Apesar da oposição norte-americana, Israel parece estar disposta a avançar sobre Rafah, por considerar que vários responsáveis do Hamas se encontram na cidade. Na segunda-feira, as IDF emitiram um aviso para a retirada de cem mil civis da zona leste de Rafah antes de iniciar bombardeamentos que mataram dezenas de pessoas.
Entretanto, as tentativas para que seja alcançado um acordo para um cessar-fogo continuam no Cairo, com a presença de delegações de Israel e do Hamas, mas não houve ainda novos desenvolvimentos.
Uma fonte próxima das negociações, citada pelo canal egípcio Al-Qahera, disse haver sinais de que um acordo estava perto de ser fechado, embora não tenha fornecido mais pormenores. No entanto, um dos representantes da ala política do Hamas, Izzat El-Reshiq, afirmou que o movimento palestiniano não irá além dos termos da proposta que foi aceite pelo grupo no início da semana, e que foi rejeitada por Israel.